Crónica Nazaré 19 de Julho
Antes de mais não fazia sentido em lançar esta crónica sem falar sobre este regresso do nosso blogue às arenas, volvidos seis anos depois e já quando nada fazia prever regressar, a vida dá as suas voltas, em termos profissionais, pessoais mas a afición está sempre cá, e eu o meu pai decidimos ir à corrida do dia 19 de Julho à "nossa" praça de toiros no Sítio da Nazaré e que saudades já tínhamos daquele ambiente fervoroso e aficionado do tauródromo nazareno.
Foi bom este regresso por um dia, esperamos que não seja o último este ano e deixo-vos com a nossa primeira reportagem em seis anos de ausência.
Tauromaquia:
Na primeira Corrida de Toiros da temporada veraneante o curro de Pinto
Barreiros esteve em noite agradável.
Arena
da Nazaré engalanou-se para uma noite de regressos e muita afición.
Reportagem
de Bruno Paparrola*
A
Praça de Toiros do Sítio da Nazaré (Nazaré), agora denominada Arena da Nazaré
recebeu na passada noite de 19 de Julho, a Corrida de Toiros inaugural da
temporada 2019 neste tauródromo, que foi também a Corrida da Casa do Pessoal da
RTP e que teve transmissão em directo na RTP 1. Com organização da Confraria
Nossa Senhora da Nazaré, e Sociedade Campo Pequeno, que regressou seis anos
depois à castiça Arena Nazarena.
Do
cartel fizeram parte os Cavaleiros: António Ribeiro Telles, Filipe Gonçalves e
Luís Rouxinol Jr., as pegas ficaram a cargo dos grupos de Forcados Amadores de
Vila Franca e Aposento da Moita, sendo lidados toiros da conceituada ganadaria
portuguesa de Pinto Barreiros.
António
Telles cumpriu a preceito no seu 1º toiro.
Abriu
praça, António Ribeiro Telles que lidou um toiro que acusou na balança da
Nazaré os 475 kgs, o mestre da Torrinha teve uma boa actuação perante um toiro
que no momento da reunião não transmitia a emoção que o toureio de António põe
nas suas lides. Montado no “Embuçado”, deixou dois compridos de forma correcta, nos
curtos com o mesmo cavalo executou sortes frontais, lidando bem o toiro em
termos de brega e com torería, o desenho das sortes foi bem delineado, a viagem,
com os tempos certos e no momento da reunião a consentir as investidas do exemplar
de Pinto Barreiros ao estribo, e em que só um pouco mais de transmissão do
toiro, pecou para que a lide de António atingisse pontos mais altos. O que não
pôs o toiro, pôs o cavaleiro da Torrinha que demonstra ser uma das principais
figuras do toureio a cavalo à portuguesa, sabendo contornar as dificuldades que
tem pela frente.
Filipe
Gonçalves agradou no seu 1º toiro.
A
segunda lide da noite esteve a cargo do cavaleiro Filipe Gonçalves, que
regressou à Nazaré seis anos depois, lidou um toiro com 525 kgs e em que teve
uma actuação em que fez gala do seu conceito de toureio cambiado, mas já lá
vamos. De saída, montado no cavalo “Jackpot”, apontou um primeiro bom ferro
comprido, pisando terrenos de compromisso para de alto a baixo e perante uma
boa investida do toiro, cravar um bom ferro. Nos curtos montado no “Chanel”,
levou o toiro a persegui-lo num galope a duas pistas, colocando-o nos terrenos
pensados, para depois reunir com batidas ao pitón contrário (algumas delas
pronunciadas e deixando alguns ferros a cilhas passadas e com o quarteiro
demasiado aberto), destaque para dois bons ferros (2º e 3º) com a batida a ser
bem medida e receber ao estribo a investida do toiro, e com o morrilho bem
debaixo do braço a deixar os ferros de forma cingida e que levaram o público a
responder com grande ovação para a o cavaleiro algarvio, que teve pela frente
um toiro que respondia bem aos enganos executados por Filipe Gonçalves.
Terminou a sua actuação com par de bandarilhas a duas mãos bem executado nos
médios, montado no cavalo de raça palomina “Zidane” com que encerrou a sua
agradável prestação.
Rouxinol
Jr, cantou de gaiola e cumpriu no seu 1º toiro.
Luís
Rouxinol Jr., lidou o terceiro toiro da noite com 460 kgs e começou logo com
uma emotiva e impactante sorte de gaiola, citando de largo a aproveitar a saída
brava do toiro dos curros para de poder a poder deixar um grande ferro comprido
que fez empolgar as bancadas, de seguida ainda apontou com correcção mais um
ferro comprido. Começava bem a actuação de Luís Rouxinol Jr., no tércio de
bandarilhas fez alarde da elasticidade, torería e capacidade lidadora do cavalo
“Douro”, cavalo esse que pode com os toiros em qualquer terreno em que se
encontra seja de largo, a curta distância e a sesgo, tendo permitido ao seu
cavaleiro que este apontasse a ferragem curta de boa nota (destaco o 3º em
terrenos de compromisso) pisando terrenos do toiro, sempre ligado com o seu
oponente tirando-o da querença das tábuas. Na volta à arena que lhe foi
concedida, Luís Rouxinol Jr. fez que questão de chamar o ganadero Joaquim Alves
à praça para com ele e o forcado da cara, o acompanharem na volta à arena.
Bom ferro de Rouxinol Jr. no seu primeiro do seu lote montado no "Douro" |
António
Telles passeou classe no 2º toiro.
No
seu segundo do lote, a actuação de António Ribeiro Telles esteve uns furos
acima do seu primeiro, de saída montando no cavalo “Hibisco” deixou dois ferros
compridos à tira de qualidade e nos curtos e montado no craque da sua quadra “Alcochete”,
deu uma lição do bom toureio à portuguesa perante um toiro com 465 kgs, que
colaborou para que lide de António corresse bem colocando o mesmo nos terrenos
adequados deixando-se ver para depois partir recto ao toiro e deixar a ferragem
da ordem com verdade e classe, tendo o público nazareno consigo neste seu
regresso à Nazaré.
António Ribeiro Telles num grande ferro ao estribo montado no "Embuçado" |
Valeu
o “Xique” a Filipe no seu segundo toiro.
No
seu segundo toiro, a lide foi a possível, perante um toiro que aparentava
dificuldades físicas e em que Filipe Gonçalves deu lide possível executando um
toureio mais sério e frontal, em que teve no “Xique”, (cavalo que bate as
palmas), o seu aliado perante um toiro totalmente parado, para pelo menos
receber tributo por parte dos aficionados presentes no tauródromo nazareno,
baseando a sua actuação em ferros em sorte de violino e nos números que o seu
cavalo tem no reportório.
Filipe Gonçalves e "Chanel" estiveram em destaque no toureio cambiado no segundo toiro da corrida |
Faltou
toiro na 2ª lide do jovem Rouxinol.
No
seu segundo toiro do lote e o que encerrou praça, Luis Rouxino
l Jr., cravou um
excelente primeiro ferro comprido, aproveitando uma boa arrancada do toiro para
numa reunião cingida deixar um ferro de belo efeito. Teve pela frente um toiro
que cedo se refugiou em tábuas tendo optado por deixar a ferragem em sortes a
sesgo que resultaram correctas e que mostraram as evidentes boas capacidades
lidadores que demonstra, tal como seu pai, Luís Rouxinol, pena o toiro não se
apresentar de outra forma para permitir maior êxito artístico ao cavaleiro de
Pegões.
Forcadagem
com noite tranquila e sem sobressaltos.
No
que diz respeito às pegas, foi uma noite de boas pegas e sem grandes percalços
para a forcadagem, pelo grupo de Vila Franca pegaram: Francisco Faria à córnea
à primeira tentativa, Guilherme Dotti à córnea e à primeira tentativa e Vasco
Pereira à córnea à segunda tentativa. Pelo Aposento da Moita pegaram os forcados:
Leonardo Matias à barbela e à primeira tentativa, João Gomes, à córnea à
primeira tentativa e Martim Cosme à córnea e à primeira tentativa.
Forcados de Vila Franca de Xira |
Forcados do Aposento da Moita |
O curro de
toiros da ganadaria Pinto Barreiros, permitiram uma noite agradável aos
Cavaleiros e Forcados, com excepção para o quinto toiro lidado por Filipe
Gonçalves que apresentava dificuldades físicas e o último lidado por Luís
Rouxinol Jr., que desde de cedo que refugiou em tábuas desde o início o que fez
com que Rouxinol Jr., tivesse de suar para deixar a ferragem na sua
segunda lide.
Joaquim José Paparrola*
Fotos:Joaquim José Paparrola
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