O principal interveniente da festa brava para mim é o Toiro!


Numa breve incursão por um dos lados mais importantes da “Festa Brava” mais concretamente as ganaderias. O “Quiebros e Chicuelinas” entrevistou Manuel Lopo de Carvalho, o proprietário da respectiva ganaderia “Lopo de Carvalho”,que por coincidência ou não estreou-se nesta lides da tauromaquia na praça de toiros do Sitio da Nazaré. De um trato fácil este senhor fez questão de revelar pormenores que certamente irão agradar aos nossos “bloguistas”.



Entrevista de Joaquim José Paparrola e Bruno Paparrola.



Quiebros e Chicuelinas” - Qual o ano da fundação da sua ganaderia, as cores da mesma, e que significado tem para si esta actividade ?

Manuel Lopo de Carvalho- Fundei a minha ganaderia em 1987, tendo se realizado a minha primeira corrida oficial como ganadero no ano de 1991 na Nazaré,com um mano a mano entre o Paulo Caetano e o António Ribeiro Telles. Comecei esta actividade pela aficcion que sempre tive pela corrida à portuguesa (fardei-me pelo Grupo Forcados Amadores de Santarém entre 1971 e 1980) e incentivado por alguns amigos ganaderos de então, entre os quais o Sr. João Ramalho que me cedeu as primeiras vacas e semental. Tenho portanto um grande respeito pelo Toiro, para mim o principal interveniente da festa brava.



Q. C- Como é o dia a dia de um ganadero na criação de toiros?
MLC-
Infelizmente nos tempos que correm não podemos dispender o nosso tempo exclusivamente com a ganaderia brava.Tivemos que nos adaptar à conjectura actual, bastante difícil, o que levou na maioria dos casos à redução do efectivo bravo de lide.No meu caso passei de 100 vacas bravas para 40.No entanto, sempre que tenho oportunidade vou ao campo, a cavalo ou de jeep, observar os rebanhos e registar os nascimentos dos vitelos na respectiva época. A ferra e a tenta, dada a actual dimensão do efectivo, são realizadas uma vez por ano, na presença dos amigos mais próximos e da família


Q.C- Que sementais introduziu na sua ganadaria, de forma a ter toiros de qualidade?
MLC
- Comecei com sementais exclusivamente de encaste Pinto Barreiros.Mais recentemente com a aquisição de vacas de origem Atanásio Fernandes, introduzi sementais do mesmo encaste, ou seja puros Tamáron, provenientes da ganaderia José Luís Sommer de Andrade. Os toiros desta origem têm trapio e nobreza e têm investido, galopando com prontidão.


Q.C – Na sua opinião como tem sentido os últimos anos no que diz respeito à lide de toiros da sua ganadaria, considera-se um ganadero realizado ?
MLC
- Obviamente que não estou nem nunca estarei realizado, pois quando tive algumas expectativas com a ganaderia, vieram as dificuldades de toda a ordem, BSE, dificuldades em lidar Espanha, e mais recentemente, a importação de toiros Espanhóis ao preço da carne.Foram precisos muitos investimentos com sementais e em infra-estruturas nas Herdades (tentadero,enjauladores,etc), para se possuir uma ganaderia, tendo o retorno sido practicamente nulo.



Em jeito de conclusão, o nosso entrevistado, rematou “Nós os Portugueses somos muito pouco Associativos. Criticamos sempre e ninguém quer ocupar lugares instituicionais.Exemplificando, temos uma Associação que não tem conseguido lidar com as dificuldades e não vejo ninguém quem queira ir para lá. O saudoso amigo e ganadero, sr. Rosa Rodrigues já tinha escrito no seu cartão de visita o seguinte: “Ganadero de reses bravas-mui raros”.Temo que daqui a poucos anos estejamos mesmo em extinção.No entanto, gostaria de terminar, se for o caso, onde comecei à 20 anos: na Vila da Nazaré.

Comentários

  1. Gostei do que li. Um ganadero que vive bem com a realidade Portuguesa. Produz qualidade em vez de quantidade.

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